Bê-á-bá, Bê-é-bé,
Bê-i-Bi...otônico Fontoura! Quem não se lembra deste jingle do tônico que foi eternizado pelo
personagem Jeca Tatuzinho, criado por Monteiro Lobato no início do
século passado, para divulgar o produto que prometia combater sintomas como a
falta de ânimo e o cansaço? Considerado o autor
mais prestigiado da literatura infantil brasileira, o escritor foi apenas um
dos artistas que, ao longo de sua trajetória, utilizou a arte para dar voz à
saúde.
Na arte contemporânea, Adriana Varejão,
Artur Bispo do Rosário, Cildo Meireles, Jac Leiner, José Eduardo, Paulo
Bruscky, Vicente de Mello, Cao Guimarães, Fabio Magalhães, Hugo Fortes e Sissi
Fonseca, Gustavo Magalhães, Louise D.D, Milton Marques, Nazaré Pacheco, Raquel
Nava, Rodrigo Braga e Eder Santos são exemplos de nomes consagrados no mundo
das artes plásticas que têm o tema saúde como poética de alguns de seus
trabalhos.
A arte faz
por si só essa aproximação, misturando cada vez mais questões artísticas,
estéticas e conceituais aos meandros do cotidiano, em todas as instâncias: o
corpo, a mente, a ética, o processo de cura, enfim a saúde humana. E é esta a
proposta de À sua Saúde, exposição que irá exibir, de forma lúdica e
interativa, a história da saúde no Brasil, país que ocupa o sexto lugar no
ranking mundial de consumo de medicamentos e que, segundo dados da Anvisa, chegará
à quarta posição em 2016.
Dividida em
dois núcleos – Histórico e Contemporâneo – À sua Saúde irá apresentar ao
visitante um universo em que os temas saúde e arte estão conectados e que,
sobrepostos, espelham a complexa rede na qual se emaranha o mundo atual. Com
curadoria de Daiana Castilho Dias e Polyanna Morgana a exposição foi concebida com
o objetivo de mostra ao público brasileiro a importância de um tema que não
trata apenas de saúde pública, mas ensina muito sobre o próprio ser humano. O
Núcleo Histórico está dividido em três eixos temáticos: Cura Xamânica, Cura
Tradicional e a Cura pela Fé.
Quem nunca
experimentou um chá para aliviar um sintoma?
Quem nunca
agradeceu aos céus por uma cura alcançada?
Quem não se
preocupa em manter boa disposição física e mental?
Quem não
gosta de ter uma boa farmácia perto de casa?
Quem não se
importa com a alimentação?
Algumas
dessas experiências cotidianas serão vivenciadas de modo lúdico e interativo na
exposição. A começar pelo passeio pela primeira botica do Brasil, montada em
tamanho natural, a partir de desenho histórico de Debret. Um dos pontos altos
dessa instalação, que faz parte do módulo Cura
Tradicional, é a área “Cheiros do Pará”, indispensáveis na indústria da
cosmética brasileira, e que poderão ser experimentados pelos visitantes. A
evolução dos medicamentos no país também será exibida.
Para
expressar a força da Cura Xamânica, a
história dos fitoterápicos em outra grande instalação interativa: sacos de chás
de vários tamanhos estarão pendurados no teto e acessíveis a quem desejar saber
mais sobre cada erva e suas propriedades. Na Cura pela Fé, a sala dos milagres, dos ex-votos, com os oratórios
do vídeoartista Eder Santos, que surpreendem o público misturando ficção e
realidade.
Ambientes
criados para relatar a Revolta da Vacina, um dos mais pitorescos eventos da
história do país, protagonizada pelo sanitarista Oswaldo Cruz no Rio de
Janeiro, em 1904, e a quarentena imposta aos viajantes que chegavam ao país
pelos portos de Salvador e Rio de Janeiro, promovem uma volta ao tempo. A
instalação de um porto cenográfico, com o som do mar, os objetos de época e o
registro de artistas que acompanhavam os viajantes, entre os quais, Debret,
Rugendas e mais recentemente Marc Ferrez, além de quatro animações, colocam o
público no meio dos acontecimentos.
Vendendo saúde
Do
início do século passado até hoje, o consumo de medicamentos no Brasil não para
de crescer: em 2006, o país ocupava a 10ª posição no ranking mundial; hoje é o
sexto. E projeções indicam que em 2016 ocupará o quarto lugar. Para disputar a
preferência dos consumidores, a publicidade é uma forte aliada. E os anúncios que fizeram história no país
poderão ser conferidos na mostra, assim como a evolução dos rótulos de alguns
medicamentos, que mostram as tendências do design de cada época.
A saúde na arte
contemporânea
O
entendimento de saúde em um sentindo mais amplo do termo, que integra a relação
entre natureza e ser humano, está presente na poética de muitos artistas
plásticos. A importância da saúde na vida da sociedade á apontada pela arte
contemporânea como forma de reação às injustiças sociais e também como alerta
para que todos pensem de que maneira podem contribuir para cuidar de si e do
outro. As esculturas de Louise DD, que tratam dos antidepressivos, são um bom
exemplo. A artista, que sofre de depressão, fez nela própria uma tatuagem,
“tarja preta”. Já o Bispo do Rosário criou um universo lúdico de
bordados, assemblages, estandartes e objetos durante os mais
obscuros períodos da psiquiatria, driblando os mecanismos de poder do manicômio
na época dos eletrochoques e lobotomias. À sua Saúde apresentará 22 trabalhos
do artista, dois dos quais inéditos.
Adriana
Varejão, por outro lado, se apropria de ícones da civilização europeia e
denuncia a violência da colonização: neste caso, subverte o mobiliário barroco
e cria cadeiras feitas de carne seca, na obra “Elegia Mineira”. Fabio Magalhães
usa imagens do próprio corpo como matéria prima de suas pinturas; Paulo Bruscky
e Jac Lerner utilizam imagens médicas para desenvolver obras cujo conceito está
ancorado numa outra forma de compreensão do corpo.
Os
trabalhos de Rodrigo Braga, que recuperam uma medicina quase ritualística (um retorno
ao olhar místico de cura para a natureza), se encontram com o humor seco de
Raquel Nava, cujas fotografias constroem situações inusitadas entre elementos
da natureza e objetos de limpeza. A obra RIO OIR, de Cildo Meireles, tem como
foco as fronteiras aquáticas. Tanto no jogo de palavras proposto pelo
palíndromo que compõem o nome da obra, quanto no objeto de arte em si, há uma
relação direta de mapeamento das fronteiras dos rios brasileiros com um
interesse puramente poético, de criação de uma paisagem sonora, que amplia
a do conceito de paisagem já iniciada nos trabalhos de Rodrigo Braga
e Raquel Nava.
O Núcleo
Contemporâneo da exposição contém obras dos seguintes artistas: Adriana
Varejão, Artur Bispo do Rosário, Cao Guimarães, Cildo Meireles, Fabio
Magalhães, Gustavo Magalhães, Hugo Fortes e Sissi Fonseca, Jac Leiner, José
Eduardo, Louise D.D, Milton Marques, Nazaré Pacheco, Paulo Bruscky, Raquel
Nava, Rodrigo Braga e Vicente de Mello.
À Sua Saúde
Patrocínio: ANVISA
Produção: 4Art Produções Culturais
Visitação: de 20 de fevereiro a 30 de março
Museu Nacional Honestino Guimarães
Complexo Cultural da República
Setor
Cultural Sul, lote 2, próximo à Rodoviária do Plano Piloto
Horário
de visitação: Terça-feira a domingo, das 9h às 18h30
Telefones: (61) 3325-5220 e 3325-6410
Telefones: (61) 3325-5220 e 3325-6410
==> Foto: Divulgação
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