No final de 1926, quando Virginia Woolf
terminava a escrita de Ao Farol, a Princesa de Bassiano
(1880-1963), fundadora e diretora da revista literária francesa
Commerce encomendou-lhe um texto para ser publicado no número que
sairia no início do ano seguinte. Virginia enviou, então, uma versão da
segunda parte do romance, intitulada O tempo
passa. Mas o texto enviado pela escritora era
substancialmente diferente da versão final incorporada em Ao
Farol. Virgínia Woolf tinha em mente apresentar à revista um texto
que tivesse uma certa autonomia. E é esse texto autônomo, publicado
originalmente pela Commerce em 1927 e descoberto pelo pesquisador
James M. Haule em 1983, que a Autêntica lança em edição bilíngue
(inglês-português), pela Coleção MIMO, organizada por Tomaz Tadeu, também
tradutor da obra.
Em O tempo passa, Virginia Woolf
registra com a passagem do tempo, usando como cenário uma velha casa
abandonada em processo de deterioração, outrora casa de verão da família
Ramsay antes do falecimento da matriarca. A fiel empregada da família,
Sra. McNab, faz o que pode para tentar manter a casa em ordem e em pé,
caso a família queira retornar, mas é “uma mulher sozinha em uma casa
abandonada”. A escritora conduz o leitor a acompanhar as passagens do
tempo e seus efeitos naquele cenário, em meio aos estalos da casa, que
sofre com o envelhecimento, agonizando, com uma narrativa poética
construída sobre o efeito combinado do tempo medido pelo cronômetro e do
tempo medido pelo barômetro.
A edição bilíngue se completa com um ensaio
do filósofo francês Michel Serres sobre “O tempo passa”, a seção central
de Ao Farol; um texto analítico de James M. Haule, sobre as
diferenças entre a versão enviada à revista francesa e a publicada no
livro; além de um posfácio de Tomaz Tadeu. A obra ainda possui
imagens que ajudam a compor a obra com pinturas do dinamarquês Jesper
Christian Christiansen, inspiradas justamente em O tempo
passa.
De acordo com Tomaz Tadeu, organizador da obra, essa versão de O tempo passa pode ser lida mesmo por quem não leu Ao Farol, justamente pelas alterações propostas por Woolf na versão enviada à revista francesa: “Virginia tinha em mente apresentar à revista um texto que tivesse uma certa autonomia. Em uma das cartas trocadas com Charles Mauron, crítico literário francês que traduziu ‘O tempo passa’ para a revista, ela chega a se referir ao texto não como uma versão do capítulo do livro a ser publicado, mas como uma ‘história’ autônoma.
É justamente essa autonomia que justifica a tradução do texto enviado à revista Commerce numa edição separada, tal como fazemos agora. Como se verá, é realmente possível ler O tempo passa, na versão aqui publicada, como se fosse um texto independente, sem ter lido o livro inteiro.”
Clique aqui para ver uma amostra da obra.
Sobre a autora - Virginia Woolf (1882-1941) nasceu em Londres, Inglaterra. Foi escritora, ensaísta e editora. Tornou-se uma das mais importantes figuras do modernismo na Europa e desempenhou papel significativo dentro da sociedade literária londrina durante o período entreguerras. Tornou-se conhecida com os romances Mrs Dalloway (1925), lançado em tradução pela Autêntica em 2012; Ao Farol (1927), com nova tradução a ser publicada ainda em 2013 pela Autêntica; Orlando (1928); e o ensaio Um Quarto Só Para Si (1929).
Sobre o tradutor - Tomaz Tadeu é Ph.D. em Educação pela Stanford University (1984). É autor de diversos livros, coordenador da Coleção MIMO e tradutor de obras clássicas como a Ética, de Spinoza e O pintor da vida moderna, de Charles Baudelaire, entre outras.
Títulos: O tempo
passa
Autora: Virginia
Woolf
Organização e tradução: Tomaz
Tadeu
Formato: 14 x 21 cm
Número de
páginas: 128
Preço: R$
45,00
ISBN: 978-85-8217-153-0
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