Foram sete partidas sem conseguir vencer. O Flamengo via adversários de
cima se distanciarem e de baixo se aproximarem na tabela. O fantasma do
Z-4 se aproximava. Neste domingo, num Serra Dourado lotado, o time,
após um primeiro tempo cheio de falhas, conseguiu, de virada por 2 a 1
sobre o Atlético-GO, os tão sonhados três pontos sobre o lanterna da
competição. A atuação ainda está longe de agradar. Mas ao menos dá
tranquiilidade para uma semana em que terá dois adversários difíceis no
Engenhão: o vice-líder Atlético-MG de Ronaldinho Gaúcho, na quarta, e o
líder Fluminense, domingo.
Agora com 31 pontos na tabela, o Flamengo, em 14º lugar, dá uma
respirada. E graças à estrela de dois veteranos recém-contratados.
Primeiro, o estreante Cléber Santana, 31 anos, autor do primeiro gol.
Depois, Liedson, 35 anos, que entrou na segunda etapa e fez o gol que
deixa o time mais distante do Z-4 e mantém o Atlético-GO na última
posição - o Dragão terá pela frente, na próxima rodada, o Náutico, no
Recife.
Na gangorra do Flamengo, os garotos que ajudaram no empate com o Grêmio
deram vez aos jogadores mais rodados. Fruto de uma equipe irregular,
que ainda não consegue se acertar taticamente - a garra e a experiência,
especialmente no segundo tempo, quando a equipe mostrou uma pequena
melhora, superaram as inúmeras falhas.
Primeiro tempo
Nos números e no placar, pareceu um primeiro tempo equilibrado. A posse
de bola ficou em 50 por cento para cada um. Nos chutes a gol, o Dragão
levou vantagem de 5 a 4. Mas o bom público presente ao Serra Dourada e o
outro que acompanhou pela TV perceberam que na organização tática e na
disposição, o Dragão era visivelmente superior. Por isso, o torcedor do
Flamengo teve motivos de sobra para comemorar o empate por 1 a 1 nos
primeiros 45 minutos.
Afinal, o sofrimento começou cedo. Não demorou mais que dez minutos
para o Flamengo ver a pressão aumentar sobre si. Pela quinta partida
seguida, o time saiu atrás no placar - Ponte Preta, Coritiba, Santos e
Grêmio já haviam se aproveitado da tensão inicial do adversário. E não
tem nada pior para quem já vê se aproximar o fantasma da zona da degola.
Buracos na marcação, erros de saída de bola... E foi num deles que
começou a boa jogada do Dragão: Ramon - mais uma vez Ramon - se
complicou ao tentar sair jogando. Marcos tomou-lhe a bola, fez o drible e
tocou para Diogo Campos. O centro rasteiro da linha de fundo encontrou
Joílson chegando livre de marcação para bater para as redes: 1 a 0.
Antes, cinco minutos antes, Luiz Antônio já cometera falha que deixou a
torcida do Flamengo - em grande quantidade no Serra Dourada - de cabelo
em pé. Com forte marcação na saída de bola da equipe carioca, o Dragão
esbanjava disposição desde o começo. O meio-campo nem deixava o Fla
respirar. E essa era a diferença fácil de perceber. O anfitrião atacava
como queria. O time carioca parecia ter escolhido o cerca-lourenço como
doutrina: marcava frouxo, muito frouxo, e a partir do meio de campo.
Foram várias as vezes que Patric arrancava com a bola dominada como se
estivesse numa pista de atletismo. Numa delas, que contou com falha
individual de Frauches, bateu firme, mas no meio do gol. Felipe
agradeceu e fez boa defesa.
O estreante Cléber Santana, até ali, apareceu mais assistindo às
arrancadas de Ernandes, Joílson e Patric do que criando para o solitário
Vagner Love. Mesmo com cinco no meio-campo, o Flamengo deixava o
Atlético-GO jogar. E o time da casa já tinha o endereço para buscar a
felicidade: a avenida Ramon. O lateral rubro-negro, lento, apático,
perdia praticamente todas as bolas. Diogo Campos sempre caía por ali
para atormentar o camisa 6.
A defesa carioca ainda fazia mal a
cobertura. O único que se salvava era Wellington Silva. O
lateral-direito foi um dos destaques do Flamengo na primeira etapa. E,
aos 16 minutos, fez bela jogada individual e bateu cruzado. O goleiro
Márcio mandou para escanteio.
Daí em diante, o Flamengo acordou um pouco e teve mais duas outras
oportunidades para empatar. Primeiro com Cáceres, que a defesa salvou em
cima da linha. Depois com Love, que recebeu livre de Ibson e obrigou
Márcio a outra boa defesa.
Os garotos estavam pouco inspirados. Adryan, destaque no empate com o
Grêmio, não dava sequência às jogadas. Luiz Antônio errava tudo. O
Dragão se aproveitava disso e ainda mostrava mais disposição em campo.
Sorte do Flamengo que faltava inspiração do adversário para criar
chances. E que Cléber Santana acordou. Aos 35 minutos, fez o que se
espera dele: em boa jogada individual, serviu Love. O atacante não foi
fominha e devolveu para o camisa 88, que empurrou a bola para as redes e
foi comemorar o gol na estreia.
Depois, a lesão de Joílson no fim do
primeiro tempo ainda facilitou as coisas - o técnico do Atlético-GO,
Artur Neto, lançou Rayllan. No fim das contas, o empate foi bom para o
Flamengo.
Virada
Dorival Jr. sentiu necessidade de mexer no Flamengo. E lançou Liedson
no lugar de Adryan. O problema é que os maiores erros estavam na defesa e
no meio-campo. A facilidade de penetrar na defesa carioca aumentava.
Artur Neto percebeu isso e mexeu no Dragão. Trocou Diogo Campos por
Watthimem, que na primeira jogada tocou para Rayllan, livre, bater
fraco, em cima de Felipe.
Gol perdido assim acaba sempre em punição. No rubro-negro carioca,
Dorival voltou a mexer: trocou Cáceres por Bottinelli. Pouco depois,
Vagner Love se embolou no chão com Eron e reclamou de mão na bola do
zagueiro dentro da área. O árbitro Paulo César de Oliveira não achou que
houve o pênalti. O Flamengo deu uma acordada e se aproveitou da arma
utilizada pelo inimigo por toda a partida. O camisa 99 pressionou o
zagueiro Gilson, tomou-lhe a bola e centrou na medida para Liedson
marcar seu primeiro gol na volta ao clube e segundo do time na partida: 2
a 1, aos 20 minutos.
O Flamengo, que há nove jogos não fazia dois gols numa partida, tentava
conter o ímpeto adversário. Amaral entrou no lugar de Ibson. Love
ganhou a braçadeira de capitão, que estava com o camisa 7 porque Léo
Moura cumpriu suspensão. Passou, na companhia de Bottinelli, bem na
partida, a comandar a equipe. Só que o atacante perdeu a chance de
ampliar o placar ao desperdiçar pênalti polêmico de Dodó no meia
argentino. O goleiro Márcio voou e fez a defesa.
No contra-ataque, o Flamengo até teve mais chances. Liedson e Love,
duas vezes, na segunda uma bola no travessão no nível do Inacreditável
Futebol Clube. Foi sofrido, mas os três pontos chegaram.
==> Fonte: Globoesporte
==> Foto: Adalberto Marques / Agif / Folhapress
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