Desafio 'Rocinha de Braços Abertos' é decorado por arte colorida do grafite

Neste domingo, dois mil corredores e mais quinhentas crianças darão suas passadas por ruas e vielas da Rocinha enquanto apreciam o desenho da garotada nos muros da comunidade. Isto por que o evento “Rocinha de Braços Abertos” vai além das provas de corrida de 10 e 5km e da edição especial para a criançada. A comunidade também será palco de eventos culturais paralelos à prática esportiva, entre eles, o concurso artístico chamado “Grafite seu Esporte”, voltado para a arte de rua. Nos dias que antecederam a corrida, grafiteiros deixaram seus traços coloridos e o melhor deles será escolhido através de votação pelas redes sociais e pelo site.

Conheça então Anjinho e Girafa, dois jovens grafiteiros inscritos no concurso. Em uma época onde a palavra “bullying” traz acaloradas discussões, os dois meninos, de 17 e 16 anos, respectivamente, aproveitaram o apelido recebido por amigos na escola e fizeram “da ironia, arte”, segundo o próprio Anjinho.

Os jovens participam de um curso para aprimorar a técnica do grafite e foi nas aulas que souberam do concurso. O organizador e curador do evento, Marcelo Lamarca, 32 anos, grafiteiro e designer, elogia a postura dos dois concorrentes:

- Os moleques chegaram sem medo, pintaram, fizeram no muro grande a arte deles. Os dois representaram o grafite, representaram a arte – disse ele.

Lamarca escolheu muros por onde os corredores vão passar durante a corrida e pediu autorização dos moradores. Cada participante deve chegar, escolher seu espaço e trabalhar cores e formas para falar sobre a comunidade, relacionado ao esporte e à corrida.

Anjinho é o apelido de Marcos Bruno. O motivo?

- Eu era muito atentado na escola e aí passaram a me chamar assim – contou.

Ele decidiu desenhar a si próprio, na forma de anjo, na frente de casinhas da comunidade. Buscando retratar a realidade do local, Marcos Bruno botou cores nas casas, barraquinhas e os famosos fios de “gato”, modo de se chamar ligações clandestinas que moradores fazem para ter acesso à energia elétrica e ao sinal para televisão a cabo.

Valderson Souza é o Girafa. Alto para a idade, o apelido pegou facilmente no colégio. Ele também se autorretratou no desenho em referência ao modo como ele é conhecido entre os amigos. Com o detalhe que a girafa está de tênis e no momento final da corrida, atravessando a linha de chegada.

Grafiteiros muitas vezes são confundidos com pichadores até por usarem a mesma ferramenta: a lata de spray. Mas, segundo Lamarca, são atitudes completamente diferentes. Para ser grafiteiro é necessário ter técnica e isso só se consegue com muito estudo.

- A gente trouxe esse projeto para cá por que as pessoas vendo os desenhos serem feitos vão perder o preconceito. Grafite embeleza a cidade, traz arte e cultura e passa uma mensagem maneira – concluiu Lamarca.

==> Fonte: Globoesporte

==> Foto: Luisa Prochnik / Globoesporte

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